Os caminhos da Alfabetização:
Um desafio ao qual são chamados os professores, que trabalham com processo de Alfabetização em Matemática
PAUTA DE FORMAÇÃO EM ALFABETIZAÇÃO MATEMÁTICA COM OS
PROFESSORES
DO 1º AO 3º ANO DO
ENSINO FUNDAMENTAL I

• Orientar
os professores alfabetizadores sobre a importância da sondagem em conhecer as
estratégias dos alunos para interpretar e produzir escritas numéricas.
•
Identificar
hipóteses sobre números, com base na observação de regularidades, utilizando-se
da linguagem oral, de registros de informações e da linguagem matemática.
• Apresentar
procedimentos de ensino para ajudar o aluno a avançar em sua aprendizagem,
confrontando hipóteses e corrigindo equívocos.

·
Usos
e funções do número em situações do cotidiano;
·
Hipóteses
de escrita numérica.

·
Que
a heterogeneidade do grupo, com relação ao nível de conhecimento sobre os
conteúdos esteja a
favor da aprendizagem de todos, por
isso, a troca, a colaboração, a parceria e a solidariedade são fundamentais para o avanço do grupo;
·
De
todos se colocarem sem preocupação com o “certo” ou “errado”;
·
Registrar
individualmente pontos importantes das discussões e conteúdos.

· Notebook e Data Show;
· Caixa de som;
· Extensão e adaptadores para tomadas;
· Apresentação PPT/Pautas;
·
Textos.

1º MOMENTO: (10
min.)
· Acolhida: Sejam
todos bem vindos para mais um ano de socialização de conhecimentos e
aprendizagens;
·
Leitura
de um texto literário interessante
2º MOMENTO: ( mim)
·
ATIVIDADE
1 - Uso e funções dos números em
situações do cotidiano
Encaminhamentos:
Em pequenos
grupos os professores deverão responder as seguintes questões:
1-Em que
situações sociais usamos os números e para que eles servem?
2-A criança é capaz de construir hipóteses
somente relacionadas à leitura e à escrita? E em relação aos números, o que
você acha?
3-As preocupações
com a aquisição do uso social do código numérico devem ser as mesmas atribuídas
à leitura e a escrita? Por quê?
Socialização com o grupo
3º MOMENTO:( min.)
ANEXO:
O USO E FUNÇÃO DOS
NÚMEROS
|
|
Números naturais na sua função cardinal/ quantificar.
|
Quando indicam
quantidade, permitindo evocá-la mentalmente sem que ela esteja fisicamente
presente: Quantos são os dias do mês? Quantos são os meus irmãos etc.
|
Números naturais na sua função ordinal.
|
Quando indicam posição, possibilitando guardar o lugar ocupado por um
objeto, pessoa ou acontecimentos: abril é o quarto mês do ano, eu sento na
terceira carteira da fila da janela etc.
|
Números naturais na sua função de codificação.
|
Não têm necessariamente
ligação direta com o aspecto cardinal e nem ordinal: o número do telefone, da
placa de carro, do ônibus etc.
|
Números naturais na sua função de medida.
|
Quando expressa o
resultado de uma medição: comparação de comprimento, peso, altura etc..
|
A
CONSTRUÇÃO DAS HIPÓTESES
|
·
Para entender o uso e função dos números, a
criança constrói hipóteses semelhantes as da Língua Portuguesa.
·
Estudos realizados por Délia Lerner e Patrícia
Sadovsky (1996) trouxeram importantes contribuições a respeito das hipóteses
numéricas que as crianças constroem no contato diário com números que são
familiares e frequentes em seu cotidiano.
·
Na tentativa de compreender o uso dos números, e a
sua representação, as crianças constroem hipóteses.
·
NA
LEITURA
1. O
primeiro é quem manda: ao comparar dois números compostos com a mesma
quantidade de algarismos, como por exemplo, 97 e 79, as crianças
observam a posição que os algarismos ocupam no número. Nesta hipótese afirmam
que 97 é maior, porque o 9 vem primeiro, ou seja, “o primeiro é quem
manda”.
2. A
magnitude do número (quantidade de algarismos): Nessa hipótese, as crianças
mesmo sem conhecerem as regras do sistema, indicam o maior número pela
quantidade de algarismo.
Exemplo: 999 é maior que 88, porque
tem mais números.
·
NA
ESCRITA
1. Escrita
associada à fala: Nesta hipótese, registram os números de acordo com a fala.
Exemplo:
Ao representarem o número 483, podem escrevê-lo 400803 ou 40083.
·
Isto pode ser explicado pelas próprias
características do nosso sistema de numeração decimal, pois falamos os nomes
dos números aditivamente (de forma decomposta), no entanto, registramos
posicionalmente, ou seja, respeitando o valor que cada algarismo ocupa no
número.
|
4º MOMENTO:
ANEXO:
Hipóteses sobre a construção do número segundo a
didática da matemática
A pesquisadora Délia Lerner, no livro A Didática da
Matemática, faz um relato sobre as hipóteses que as crianças
levantam a cerca da construção do número. Essas hipóteses não têm uma ordem
ou uma idade para que aconteça. Elas dependem do contato que as crianças têm
com os números e como elas interagem com eles. Essas hipóteses estão brevemente
resumidas a seguir:
Escreve como se fala. Por exemplo, para 125 escreve 100205. Quanto maior a quantidade de algarismos, maior o número. Por exemplo, 14537 é maior que 937. Essa generalização pode induzir a erros quando chega à fase dos números racionais, por exemplo: acreditam que 0,35 são maiores do que 0,5. O primeiro é quem manda. Por exemplo: acreditam que 954 é maior do que 14537. Délia Lerner fala ainda sobre os nós 10, 100, 1000, etc, que seriam mais facilmente “gravados” pelas crianças. Muitas vezes a criança lê o número corretamente, mas na escrita usa diferentes hipóteses porque na leitura o número já está posto. O contato e a interação com os números são os responsáveis pela superação e o avanço nas hipóteses. Para isso é importante que os alunos sejam colocados em contato com situações do dia-a-dia em que os números aparecem dentro do seu contexto real. Simular um mini-mercado é uma boa situação de aprendizagem, pois os alunos podem ver os valores e descobrir se o dinheiro que possuem é suficiente para comprar determinado produto. Fazer painéis com números dos calçados dos alunos e colocá-los em ordem crescente também ajuda os alunos a ler e comparar quantidades, assim como altura, peso, etc. Outra boa situação é trabalhar com a contagem de diferentes objetos como na foto ao lado. Nesta atividade os alunos receberam diferentes materiais escolares e tiveram que contar quanto tinha de cada um, registrar e depois analisar o que tinha em maior e em menor quantidade. Outra dica importante é que os alunos sempre possam registrar os numerais que estão sendo trabalhados, que não trabalhem apenas oralmente e que possam socializar suas escritas de modo que o confronto das mesmas possa levá-los a uma escrita convencional do número superando as hipóteses iniciais. |
5º MOMENTO: ( min.)
Apresentação
do vídeo: Numeração falada X Numeração escrita.
6º MOMENTO: ( min. )
AS HIPÓTESES DE ESCRITAS
NUMÉRICAS
Levantamento dos conhecimentos prévios:
·
Você sabe a hipótese de escrita numérica de
seus alunos?
·
Você já realizou a avaliação diagnóstica para
verificar a hipótese de escrita numérica dos seus alunos?
·
Entregar para cada professor o quadro com as
hipóteses de escritas numéricas.
7º MOMENTO: ( min.)
·
Apresentar em PowerPoint AS HIPÓTESES
DE ESCRITAS NUMÉRICAS. (ANEXO )
OBS:Um grupo de
formadores de Matemática, de Rio Branco, achando que apenas três hipóteses não
eram suficientes, desmembraram-nas em outras nove.
HIPÓTESES
DE ESCRITA NUMÉRICA
|
|
HIPÓTESES
|
EXEMPLOS
|
1-Mistura
números e letras.
|
4rela5f para 300
|
2-
Produz escritas numéricas com algarismos
aleatórios.
|
50000974985 para 564
|
3-Identifica
alguns dígitos que correspondem à numeração falada.
|
5000021 para 321
|
4-Produz
escrita numérica apoiada na numeração falada, mas não faz controle do uso dos
zeros.
|
100030008006 para
1386
|
5-
Escreve os redondos convencionalmente.
|
100 para 100
|
6-
Realiza a transcrição literal da numeração falada.
|
Escrita aditiva
Escreve 400202 para
422
(ou seja, 400+20+2)
Escrita
multiplicativa
Escreve 510002003 para 5203 (ou seja,
5x1000+200+3)
|
7-Faz
tentativas do controle do uso do zero.
|
Escreve 20021 para
2021
|
8-Apóia-se
na escrita convencional utilizando como base a 1ª sequência de cada família
dos redondos em cada campo.
|
Escreve
5014 para 514
|
9-Domínio
da escrita convencional dos campos numéricos (dezenas, centenas, milhar,
milhão...)
|
Escreve
105000 para 105000
|
8º MOMENTO: (
min)
Para conhecer o que o aluno já sabe,
sobre a representação da Escrita Numérica, orienta-se a realização da sondagem.
A sondagem constitui-se na realização
de um ditado numérico em que é possível conhecer as hipóteses construídas pela
criança, na tentativa de compreender a função social dos números e a sua
representação.
ATIVIDADE
2
- Sondagem
Encaminhamentos:
· Em duplas, tente explicar o seu
entendimento sobre:
· Qual é a importância da sondagem?
· Em qual momento realizar a sondagem?
· Como deve ser a lista proposta as
crianças?
· Socialização com o grupo.
CRITÉRIOS
|
EXEMPLO
|
FINALIDADE DA ESCOLHA
|
A)Números redondos com dois, três ou mais
dígitos.
|
Ex.: 10,
20, 30, 100, 2000, etc.
|
É um importante aliado na compreensão do sistema.
|
B) Números com dois, três e quatro dígitos (sem o uso do zero)
|
Ex.:
46, 1452
|
Mostra a
escrita de números entre dois redondos.
|
C) Números com dígitos repetidos.
|
Ex: 11, 44
|
Objetivo – apesar do algarismo ser o mesmo, é
lido de forma
diferente, dependendo da posição que ocupa.
|
D) Números com dígitos invertidos:
|
Ex.: 31 e
13
|
Hipótese de comparação - o primeiro é quem manda.
Perceber
a posicionalidade do numero
|
E) Números, mudando o valor posicional do zero:
|
Ex.: 109, 190
|
Perceber que o zero é marcador de posição.
|
F) Números para análise da hipótese 8 (apoia-se na escrita
convencional utilizando como base a primeira sequência de cada família dos
redondos em cada campo
|
Ex.: 423
ou 2341 ou 785
|
Visualizar o princípio multiplicativo.
Ex: 4023, 2.1000341, 7085
|
ATIVIDADE 3 - Analisando escritas numéricas
Encaminhamentos:
Em
duplas, analise a escrita numérica e identifique as hipóteses construídas pelo
aluno para representar a escrita convencional.
DITADO
|
ESCRITA DO ALUNO
|
230
|
200.30
|
2386
|
2.00300.86
|
90
|
90
|
1109
|
1000.9
|
7000
|
7.100
|
73
|
73
|
4019
|
4.1000.19
|
500
|
1500
|
999
|
9.90.9
|
605
|
600.5
|
QUADRO DE SABERES
Encaminhamento:
·
Formar
9 grupos;
·
Entregar
para cada professor o quadro de saberes;
·
Direcionar
para cada grupo uma hipótese de escrita numérica para ser analisada e
apresentada ao grupo.
QUADRO
DE SABERES – ALFABETIZAÇÃO MATEMÁTICA
|
|||
HIPÓTESE
|
O
QUE SABE O APRENDIZ
|
O
QUE PRECISA SABER
|
O
QUE PROPOR
|
1. Mistura
números e letras.
|
Sabe
que é possível registrar as quantidades.
|
Diferenciar números de letras e outros caracteres;
- Conhecer a utilização adequada dos números e letras;
- Saber a grafia
dos números e compreender as diferentes funções dos números (ordenar,
quantificar, medir e codificar)
|
Pesquisar
escritas numéricas em diferentes suportes que circulam socialmente.
-Realizar
simulações com uso dos números em diferentes contextos.
|
2.
Produz a escrita numérica com algarismos aleatórios.
|
- Diferencia
números e letras;
- Conhece a
grafia dos algarismos, mas não faz a correspondência com a designação oral
dos mesmos.
|
- Representar quantidades utilizando algarismos correspondentes;
- Reconhecer
na tabela seqüências numéricas,
considerando seu repertório numérico.
|
-Produção
de escrita numérica em agendas telefônica, calendários, fitas métricas etc;
-Realizar
leituras numéricas de paginas dos livros
|
3.
Identifica alguns dígitos que correspondem à numeração falada.
|
-
Realiza a designação oral de
seqüências numéricas e começa a fazer correspondência com as mesmas na escrita.
|
-Registrar
seqüências numéricas.
|
-Produzir
escritas numéricas com números móveis, com a calculadora etc;
-Realizar jogos
para comparação de escritas numéricas. Ex: Batalha.
|
4. Produz a escrita numérica apoiada na numeração
falada, mas não faz controle de uso dos zeros.
|
-Faz a designação oral dos redondos com
propriedade, mas não faz a correspondência por escrito.
|
Precisa conhecer a escrita convencional dos
redondos.
|
-Realizar
atividades com quadros numéricos para o trabalho com as regularidades
-Realizar
contagens e escritas em escalas ascendente e descendente com os redondos.
|
5.
Escreve os redondos convencionalmente
|
-Produz
a escrita convencional dos redondos com propriedades.
|
-Reconhecer
as regularidades na produção de números situados em intervalos entre os
redondos.
|
-Investigar
escritas numéricas nos intervalos entre os redondos em tabelas, tabuleiros de
jogos etc;
-Ligar – pontos;
-Bingo
|
6.
Realiza a transcrição literal da numeração falada
|
-Acredita
que a numeração escrita tem uma relação estreita com a numeração falada.
|
-Reconhecer
que no nosso sistema de numeração o
valor de um algarismo depende da sua posição.
|
-Compor números
com a escrita sobreposta;
-Cruzadinhas de
números;
- Jogo com
números móveis “O mais perto possível”.
|
7. Faz tentativas do controle do uso do zero
|
-Começa a
perceber que há uma relação entre a escrita numérica de cada “família” com a
quantidade de algarismos a serem utilizados.
|
-Reconhecer que o zero é utilizado como marcador
da “posição vazia” em cada ordem do número em jogo.
|
-Ordenar
números de classes e ordens diferentes. Ex: 26.376, 627,10. 427, 6.017, 263,
300.001...
|
8.
Apóia-se na escrita convencional utilizando como base a 1ª seqüência de cada
família dos redondos em cada campo
|
-Reconhece
a escrita convencional da primeira seqüência de cada “família”.
|
-
Que não devem generalizar o que construíram na produção da primeira seqüência
com o restante da serie numérica de cada “família”.
|
-Produção
e interpretação de escritas numéricas;
-Jogos
envolvendo comparação de escritas numéricas.
|
9.
Apresenta domínio da escrita convencional dos campos numéricos (dezenas,
centenas, milhar, milhão…) esperados para a série que está cursando
|
-Percebe
que é aditivo porque o valor do numero e obtido pela adição dos valores que o
algarismo adquire a depender da posição que ocupa
|
-
Ampliar o seu repertório numérico.
|
-Atividades
e jogos que favoreçam a generalização dos conhecimentos construídos no campo
numérico atual de domínio para os demais campos.
|
10º MOMENTO: ( min)
VÍDEOS:
11º MOMENTO: (
min)
ATIVIDADE
4 - Como ajudar o aluno a avançar?
Encaminhamentos:
·
Em
grupo e com base no que foi discutido sobre as hipóteses das crianças e
o quadro dos saberes, o que propor para ajudar o aluno a corrigir os
equívocos e avançar?
·
Socialização
com o grupo.
DITADO
|
ESCRITA DO
ALUNO
|
230
|
200.30
|
2386
|
2.00300.86
|
90
|
90
|
1109
|
1000.9
|
7000
|
7.100
|
73
|
73
|
4019
|
4.1000.19
|
500
|
1500
|
999
|
9.90.9
|
605
|
600.5
|
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
PARA INTERVENÇÕES NA PRODUÇÃO DE NOTAÇÃO CONVENCIONAL
·
As
crianças, ao produzirem as notações sobre os números, de forma geral,
apresentam conclusões potencialmente contraditórias.
·
-
por um lado, elas supõem que a numeração escrita se vincula estritamente à
numeração falada;
·
-
por outro lado, sabem que em nosso sistema de numeração a quantidade de
algarismos está relacionada à magnitude do número representado.
·
Uma
estratégia para ajudar as crianças a
compreender o sistema de numeração, é usar a facilidade que elas têm em
escrever os números redondos, ou seja, as dezenas, as centenas e os milhares,
antes de elaborar a escrita dos que se posicionam nos intervalos.
·
Ao
começar a produzir números, cuja escrita numérica convencional desconhecem,
as crianças apoiam-se no que já dominam, recorrendo à justaposição de
escritas conhecidas para escrever números e organizando-as de acordo com a
fala.
·
Elas
escrevem convencionalmente, por exemplo, 2000 e 3000, porém
dois mil setecentos e oitenta e dois poderá ser representado por 2000700802,
ou eventualmente 200070082 ou ainda 2000782.
·
A
criança pode aceitar que dois mil setecentos e oitenta e dois se escreve com
mais algarismos que dois mil, já que o primeiro é maior que o segundo. 2000700802 2000
·
Porém,
se ela pensa simultaneamente que um número é maior quanto mais algarismos
tenha, como é que pode aceitar que dois mil setecentos e oitenta e dois se
escreva com mais algarismos que três mil? 2000700802 3000
·
Como
a criança manipula a contradição? Uma estratégia que lhe permite superar o
conflito formulado: antecipar com exatidão a quantidade de algarismos que
terá o número solicitado. Esta antecipação parece ser possível graças a uma
ressignificação da relação entre a escrita dos “nós” e a dos números
posicionados nos intervalos entre eles.
|